Rumo da corrida presidencial dependerá da dimensão dos efeitos de novos auxílios

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Os efeitos da queda no preço dos combustíveis e a aprovação de uma PEC que ampliou os valores distribuídos no Auxílio Brasil e introduziu vouchers para caminhoneiros e motoristas ainda não são observados nas intenções de voto para as eleições de outubro – mas geram expectativas sobre se ainda seriam capazes de aproximar Jair Bolsonaro (PL) de Lula (PT), que lidera as pesquisas presidenciais.

“Após a distribuição do auxílio emergencial em outros momentos,  houve um intervalo de meses até que o governo fosse creditado, com aumento em popularidade. Se esse mesmo tempo for repetido agora em intenção de votos, não haverá espaço para Bolsonaro ultrapassar Lula até as eleições”, avaliou Daniel Marcelino, analista de dados do JOTA e coordenador do Agregador de Pesquisas, que combina resultados de diferentes pesquisas eleitorais.

Hoje, a distância entre os candidatos, considerando os diferentes levantamentos agregados, gira ente 10% e 11%, tanto no primeiro quanto no segundo turnos. “Precisamos de um tempo, até o final de agosto ou setembro, para faturar como esses programas e as expectativas criadas em torno deles vão afetar os números da corrida eleitoral”, afirmou. O valores começam a ser pagos em agosto.

Marcelino destrinchou o status da disputa presidencial a partir dos dados de preferência eleitoral na estreia do GPS Eleitoral, nesta sexta-feira (29/7). O programa do JOTA irá ao ar sempre às sextas-feiras a partir das 17h no JOTAlive”>YouTube do JOTA, com comentários de analistas do JOTA e entrevistas com convidados, até as datas das eleições.

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Para o líder do governo no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ), que foi entrevistado no GPS Eleitoral, as pesquisas não têm sido capazes de demonstrar a percepção dos brasileiros de diferentes regiões sobre o governo e o potencial de Bolsonaro à reeleição. Além disso, ele afirmou acreditar que o eleitor será capaz de perceber melhorias em suas condições de vida.

“A população em geral talvez tenha uma dificuldade maior de digerir esse ambiente favorável que o Brasil vive e que não chega na ponta, mas ela vê o Pix, a redução do preço do gás e dos combustíveis, com cortes de impostos”, avaliou. “Aquele cidadão comum que sente uma melhora, que vê sobrar ou talvez faltar menos do que na pandemia, ele percebe quem é responsável”, completou.

Segundo ele, alguns indicativos desse ambiente favorável seriam a redução do desemprego nos últimos meses e a inflação brasileira estar mais baixa do que em outros países, especialmente da América Latina. “É comum a narrativa do adversário de que estamos em um momento ruim, que antes era melhor, mas não é verdade. As boas relações entre Executivo e Legislativo conseguiram reduzir o preço dos combustíveis por redução de impostos, por exemplo”, defendeu.

“Acredito na vitória do presidente no segundo turno, olhando mais para os movimentos políticos e não tanto para as campanhas”, afirmou.

A situação econômica é vista de forma oposta pela campanha de Lula. “Temos que enfrentar o processo inflacionário com muita seriedade, a situação de desemprego, a estagnação econômica, a falta de programas estruturados no Brasil. Temos um desmanche das políticas públicas; se perdeu totalmente o critério técnico do repasse de recursos”, disse Edinho Silva, coordenador de comunicação da campanha de Lula e prefeito de Araraquara (SP).

A comparação entre os dois governos e também momentos do Brasil deve ser a tônica da campanha – para evitar que eventuais efeitos positivos do aumento de auxílios abocanhem parte do eleitorado.

“Há uma disputa de narrativas a se dar daqui para frente: de um lado uma PEC criada para uma disputa eleitoral; e do outro, o Lula, que tem um legado de trabalho contra a exclusão social”, afirmou.

“Nós vamos o tempo todo comparar hoje com o Brasil de antes, que mostrou ao mundo ser capaz de enfrentar crises econômicas, foi referência no combate à fome e na geração de oportunidades para a nossa juventudes”, apontou. Segundo Edinho Silva, isso será constantemente lembrado e, apenas quando a campanha começar oficialmente, novas propostas deverão ser apresentadas.

O GPS Eleitoral é comandado Fábio Zambeli, analista-chefe do JOTA em São Paulo, e Bárbara Baião, analista de Congresso, com objetivo de oferecer uma visão por trás da fumaça das eleições, sem cair na armadilha das polêmicas e do debate raso. Inscreva-se e acompanhe!

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