Trago a inovação amada em 4 dias

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Para começo de conversa, vou pedir que você repita comigo: “legal design não é visual law”.  Com isso podemos avançar para o segundo passo: “Design thinking não é processo de design”. Essas são as duas vidraças que precisam ser quebradas para que exista uma conversa ampla e séria sobre o papel do design no mundo jurídico e em sua inovação.

Existem muitas definições sobre o que é design porém vou tentar ser sintético: Design é um processo de encontrar soluções. Design é forma, função e intenção. Quando se junta o “legal” com “design” é que começa a nossa dança. E para explicar a necessidade de afastarmos os conceitos legal design visual law e entendermos eles como partes separadas, apresento essa pirâmide que explica um pouco sobre a prática do design.

O visual law é só o topo da pirâmide e, com algum esforço, talvez o seu segundo nível. É por isso que legal design não é e não pode ser simplesmente reduzido ao design da informação. Abrir o foco do legal design para além do visual law é fundamental quando se coloca a Inovação em perspectiva.

Esqueça o Design Thinking

Debbie Levitt, CEO da Delta CX, falou sobre design thinking:

“Poderíamos dizer que fazer um raio-X é apenas ficar atrás de uma máquina de raio-X, fazer um raio-X, diagnosticar o problema e criar o tratamento ou solução. Qualquer leigo sem formação ou conhecimento médico poderia executar essas etapas e retirá-las de uma lista. Quem você quer tirar e interpretar seu raio-x e, em seguida, definir o curso do seu tratamento? O mesmo se aplica ao design thinking. Você pode verificar seus passos em uma lista, mas qual foi a sua abordagem e qual foi a qualidade e a profundidade do seu trabalho?”.

Design não é uma metodologia. Design tem metodologias. O design thinking foi inventado para ajudar não designers a entender como pode funcionar o processo de design, mas não é o que os designers fazem. Design thinking, portanto, é um reducionismo perigoso e que “vende” a ideia de que o processo de design é rápido e simples; que basta você seguir os cinco passos do framework e a solução estará dada ao final. Mentira. E esta mentira pode atrapalhar todo o fomento da inovação no universo jurídico/judiciário.

Segundo Doblin Inc. menos de 4% dos projetos de inovação iniciados por organizações têm êxito, os outros 96% falham. Se inovação é tão importante, por que não existem mais empresas boas no tópico e por que a taxa de falha é tão alta? Como o design (e não o design thinking) pode ajudar a criar mecanismos sérios e confiáveis para auxiliar no processo de inovação?

Como construir a inovação?

Segundo Vijay Kumar, professor no IIT Institute of Design e autor do livro 101 Design Methods, existem quatro pilares para o sucesso dos processos de inovação:

Crie inovação em torno das experiências: Como já dizia Margareth Hagen, “é preciso acontecer uma revolução e ela precisa ser centrada nos usuários”. Isso vai muito além do UX. Experiência é o ato de viver por meio de eventos. E focar nestas experiências é o melhor ponto de partida para a inovação.
Pense na inovação como um sistema: Segundo Vijay, uma oferta, seja um produto, serviço ou mídia/mensagem, pertence naturalmente a um sistema maior de ofertas, organizações e mercados. Um “sistema” pode ser definido como qualquer conjunto de entidades em interação ou interdependentes que formam um todo integrado que é maior do que a soma de suas partes. Os inovadores que entendem como esse sistema maior funciona podem criar e entregar melhor as ofertas de alto valor.
Cultive uma cultura de inovação: Este princípio é sobre cultivar uma mentalidade entre as pessoas da organização de que todos estão ativamente engajados na inovação diariamente e que as ações de todos podem contribuir para o comportamento cultural geral da organização. A prática da inovação é colaborativa e pessoas com competências em diferentes áreas precisam se unir para tornar o processo completo, inclusivo e valioso.
Adote um processo de inovação estruturado: Inovação e planejamento não são conceitos antagônicos. Um processo de inovação eficiente precisa ser planejado e gerenciado como qualquer outro aspecto de uma organização. “As inovações orientadas ao design começam pela compreensão das pessoas, desenvolvendo conceitos e, em seguida, concebendo negócios em torno desses conceitos. Saber quando e onde todos esses processos se tocam e interagem é a chave para uma colaboração bem-sucedida nas organizações”, segundo Vijay Kumar.

Inovação by design, law by design

Todo processo de inovação baseado nos conceitos do design começa com o real, com o concreto – observação e aprendizados por meio de fatores tangíveis de situações cotidianas. Depois disso, tenta-se um entendimento amplo do mundo real criando abstrações e modelos conceituais para então poder reformular o problema de maneiras diferentes. Só aí inicia-se uma exploração dos novos conceitos (em termos abstratos) antes de uma avaliação e implementação para sua aceitação de volta ao mundo real. Isso não cabe nos rasos cinco passos do design thinking, pois demanda uma fluidez de raciocínio entre o real e o abstrato.

Esse processo é totalmente não linear e repetido, reiterado, feito mais de uma vez para que se alcance algum resultado, diferente do que enseja o framework do design thinking.

Artigo da Debbie Levitt: https://www.cmswire.com/digital-experience/design-thinking-isnt-user-experience/

Artigo de Jared M. Spool: https://medium.com/@jmspool/ssh-dont-tell-them-there-s-no-magic-in-design-thinking-b95f33867656

Artigo de Natasha Iskander: https://www.fastcompany.com/90241727/design-thinking-is-the-opposite-of-inclusive-design

Artigo de Lee Vinsel: https://blog.usejournal.com/design-thinking-is-kind-of-like-syphilis-its-contagious-and-rots-your-brains-842ed078af29

Artigo do Bharghavi Kirubasanka: https://uxdesign.cc/why-design-thinking-is-hurting-user-centered-design-d40cad6da5ee

Delta CX, Debbie Levitt: https://www.amazon.com.br/Delta-CX-Customer-Experience-Transform-ebook/dp/B07W68535J/ref=sr_1_1?__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&dchild=1&keywords=delta+cx&qid=1617061491&sr=8-1

101 Design Methods, Vijay Kumar: https://www.amazon.com.br/101-Design-Methods-Structured-Organization-ebook/dp/B009RKEQV8/ref=sr_1_1?__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&dchild=1&keywords=101+design+methods&qid=1617061512&s=digital-text&sr=1-1

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